quarta-feira, 8 de abril de 2020


Reflexões sobre a Páscoa em tempos de confinamento em família:

Neste ano, para os cristãos, vive-se literalmente a quaresma, um pouco obrigados pelo desafio que o tempo de isolamento apresenta como quarentena. Interessante que temos uma oportunidade única de parar, refletir interiorizar e transformar esse tempo de reclusão em imersão interior. Assim vamos ressignificando o tempo do sofrer com o Cristo suas dores, suas angústias, o abandono etc. É a isso que somos convidados na Páscoa. Seu significado vem da palavra Pessach, passagem. Mas passagem do quê para quê? Passagem da morte para a vida. Nesse momento em que a morte nos é tão próxima, pois a vemos no rosto de tantas pessoas, temos oportunidade de olhar para a vida na sua fragilidade, na sua vulnerabilidade, contudo como dom de Deus. Assim nos recriamos, nos reinventamos e, em meio às mazelas da sociedade, em meio as ameaças de morte somos chamados a construir a vida. Repito, temos a oportunidade única de rever nossos valores e focar no essencial da vida. Tempo de transformar o egoísmo em solidariedade, os chocolates em ações, a solidão em vivência familiar, tempos ociosos em reflexões, meditações, orações. Em meio a dor e ao sofrimento, vivendo as mesmas coisas que Cristo viveu, podemos nos reinventar. A superação da morte para a vida também passa pelas inseguranças e medo. Cristo nos mostra isso quando perguntou, no momento de sua morte: “Pai por que me abandonaste?” (Mt 27, 46). Mesmo assim, sentindo-se abandonado não deixou que seu medo O vencesse e respondeu com um grande grito: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 23, 46). Entregou-se na confiança do plano do Pai, a ressurreição, a vida nova no AMOR!
Vivemos sim momento de muita desesperança, mas a Páscoa é realmente um momento de dar-se conta dos valores essenciais e vivê-los em família, momento de partilha, de solidariedade, de ultrapassar limites, olhar o outro na sua essência, a partir do olhar para Jesus, abrir as fagulhas de esperança que ainda existe em nós e transformá-las em vida nova, em ressurreição na esperança de que tudo passará.
A partir dessa breve reflexão sugerimos alguns valores atrelados aos acontecimentos da vida de Jesus para discutir em família, principalmente com as crianças. Ao promover o debate em casa, permite-nos dialogar e ouvir as crianças, pois elas têm muito a nos dizer:
1. Reconhecer no outro sua verdadeira essência: Conversar com as crianças sobre o Domingo de Ramos, por exemplo, sobre a entrada de Jesus em Jerusalém. Uma exercício para abrir a discussão pode ser a de colocar os Ramos na porta de casa. Essa ação poderá contribuir com a reflexão sobre quem é o ser humano na sua essencial, ou seja, Jesus é aclamado Rei pelo povo, reconhecem nele aquele que vem devolver a sua dignidade. Pode-se conversar ainda sobre o poder político e poder religioso. Contribui para olhar Aquele que vem e que será o Rei servidor.
2. Caridade e o amor ao próximo: Perguntar a criança sobre o que ela entende pelo lava-pés, fazer uma simulação, assistir uma celebração, da quinta-feira santa levará a discussão sobre a caridade, solidariedade e serviço. Pois este tema contribui para ampliarmos a visão de um Reino que serve as pessoas. Que está atento a tudo aquilo que elas precisam. Derramou água numa bacia, pôs-se a lavar os pés dos discípulos e enxugava-os com a toalha que trazia à cintura” (Jo 13,5). Jesus oferece outra perspectiva de vida. Chama a desinstalar-nos e a olharmos além de nossa vida, um ponto de vista novo. Deixa transparecer que qualquer pretensão de superioridade ou domínio revela-se como falsa, não se sustenta. Lavar os pés é colocar-se junto com o outro, em pé de igualdade.
3. Coragem, perseverança e resiliência: Olhar a morte de Jesus é difícil para qualquer pessoa. Contudo é importante conversar sobre a morte, sobre as dificuldades que se enfrenta nos caminhos da vida. Apresentar às crianças essa parte da vida de Jesus, ajudará a perceber que a vida humana é frágil, vulnerável e que é necessário cuidar-se, respeitar o outro e principalmente, nesses momentos de dor e morte, sermos perseverantes, termos coragem para enfrentá-la. Uma sugestão pode ser confeccionar cruzes pequenas de material reciclado, explicando-lhes o significado antes e depois do cristianismo. Essa atividade pode conduzir à reflexão do tema. Explicar ainda que é necessário “matar” dentro de nós algumas coisas que nos impedem de viver melhor a nossa vida, como por exemplo, os preconceitos, a falta de sonhos e deixar que isso tudo renasça em nós.  Quando os sonhos acabam, pode-se acabar também a vida. Assim não seremos mais indiferentes aos acontecimentos difíceis da vida, aprenderemos a transformá-los em esperança.
5. Esperança e interiorização: O sábado santo nos traz essa sensação de vazio, contudo é uma grande oportunidade de apresentarmos o valor do silêncio e da interiorização para as crianças. Com a morte de Cristo o grande vazio que se fez estava 'grávido' de esperança e de paz. Conversar sobre o Jesus ausente, os discípulos escondidos e cheios de medo e a dor da mãe, significa falar dos nossos sentimentos, da nossa humanidade, da falta de esperança que temos muitas vezes. Podemos fazer momentos de silêncio com as crianças e pedir o que sentem, o que ouvem e conversar sobre isso. Criar um espaço com velas, poucas luzes, que traga paz, deixar que elas organizem o espaço. Sugerir que caminhem com Jesus e conversem com ele sobre suas dificuldades e que deixem que Ele as conforte. Este silêncio não é de morte, mas sim de vida que pulsa dentro de cada um, pois Jesus ressuscitará, é tempo de acreditar.
5. Fazer algo novo: inspirados na ressurreição de Jesus provoque a criança sobre a vida, apresente a ressurreição como algo totalmente novo, que traz vida nova. Sobre a maneira de viver de Jesus que foi além dos esquemas e padrões que nos são apresentados e nos escravizam, pois o Mistério Pascal é o salto para a novidade, para a beleza, para a transcendência. Passamos da morte, do silêncio vazio para a vida verdadeira, em Cristo, que nos faz descobrir a essência do ser humano. Como tirar dessa situação de dificuldade e resiliência algo bom, algo que nos traga esperança e amor, pois na ressurreição a vida se impõe e desperta a fascinação, portadores de uma vida inesgotável o ser humano vive para mergulhar em algo novo e melhor, em si mesmo e romper a casca para que a vida se expanda em doação.
Andreia Cristina Serrato

Citado alguns pontos do texto no site:
https://www.semprefamilia.com.br/educacao-dos-filhos/valores-para-ensinar-filhos-pascoa/

Páscoa em família
5 valores para você ensinar a seus filhos nesta PáscoaNa celebração da Páscoa, não deixe de transmitir aos pequenos os bons valores que esta data pode suscitar em cada um de nós

Por Lorena Lafraia

Todo ano é a mesma coisa. O carnaval mal termina e, antes mesmo de pensarmos que dentro de algumas semanas celebraremos a Páscoa, os supermercados já estão repletos de irresistíveis ovos de chocolate – cada vez mais caros, por sinal – pendurados pelos corredores.

Tudo bem, sabemos que os ovos simbolizam nascimento e vida, o que tem tudo a ver com a Páscoa, festa da ressurreição de Jesus Cristo. Acontece que essa e outras mensagens sobre o real significado dessa data ficam praticamente invisíveis em meio a uma maioria esmagadora de mensagens consumistas. Logo, é muito fácil desviarmos nossos olhares e, principalmente, nossos corações daquilo que é o verdadeiro sentido desta grande festa da Páscoa.

E para as crianças isso não é diferente. Assim como tudo em seu processo de aprendizagem, a criança só compreenderá os valores da Páscoa se os pais falarem sobre eles e, acima de tudo, demonstrarem, pelo exemplo, que acreditam nisso. Então, compre sim chocolates (quem não gosta?), mas não deixe de transmitir aos pequenos os bons valores que esta celebração pode suscitar em cada um de nós e, consequentemente, nos tornar pessoas melhores:

1. Fé
O primeiro passo é explicar às crianças por que celebramos a Páscoa. De acordo com Andreia Cristina Serrato, professora de teologia da PUCPR, Páscoa vem da palavra Pessach, que significa passagem. “Mas passagem do quê para quê? Passagem da morte para a vida”, explica.

Então, conte a história de Jesus Cristo a seu filho e explique que ele foi um homem que veio ao mundo para nos ensinar a amar. Os milagres que ele realizou e a sua ressureição, três dias após sua morte, nos ensinam a cultivar a fé, essa força interior que nos faz acreditar em algo que seria inacreditável. Como pode alguém morrer e voltar a viver?

Para os pequenos, essa relação pode ser um pouco complicada de ser compreendida. Por isso, você pode associar a fé àquilo que seu filho não pode ver, mas consegue sentir, como o vento, por exemplo. Quando estamos desanimados ou passamos por momentos difíceis, é a fé de que nada é impossível que nos dá força para perseverar.

2. Esperança e interiorização
Na sexta-feira santa, os cristãos lembram a morte de Cristo na cruz. Por isso, as horas que antecedem o domingo da ressurreição trazem uma sensação de vazio, afinal, Jesus está morto. “É uma grande oportunidade de apresentarmos o valor do silêncio e da interiorização para as crianças. Com a morte de Cristo, o grande vazio que se fez estava ‘grávido’ de esperança e de paz”, explica Andreia.

“Conversar sobre o Jesus ausente, os discípulos escondidos e cheios de medo e a dor da mãe, Maria, significa falar dos nossos sentimentos, da nossa humanidade, da falta de esperança que temos muitas vezes”, afirma a professora, que sugere fazer momentos de silêncio com as crianças e perguntar o que sentem, o que ouvem e conversar sobre isso.

Para isso, você pode criar junto com as crianças um espaço com algumas velas e deixar que elas mesmas organizem um ambiente que lhes traga paz. “Este silêncio não é de morte, mas sim de vida que pulsa dentro de cada um, pois Jesus ressuscitará, é tempo de acreditar”, diz Andreia.


3. Caridade e amor ao próximo
“A Páscoa pode ensinar a todos, independentemente da opção religiosa, que o verdadeiro sentido da vida se encontra no ensinamento e no exemplo de vida de Jesus Cristo: ‘amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei’ (Jo 15, 12)”, afirma Frei João Mannes, professor e presidente do Grupo Educacional Bom Jesus.

Para o professor, é importante que as crianças conheçam essa mensagem de caridade, tão fundamental para a humanidade. E uma das maneiras de fazer isso é através de ações voluntárias. Acreditando que é pelo exemplo que as crianças aprendem as virtudes, neste mês de abril, uma pastoral do Grupo Educacional levou “afeto e atenção para centenas de pessoas atendidas por instituições beneficentes, doando caixas de chocolate para crianças, adultos e idosos”, conta Mannes.

A passagem em que Jesus lava os pés dos discípulos também contribui nessa reflexão. Segundo Andreia, simular esse ato tão bonito com as crianças pode levar a um diálogo interessante sobre caridade, solidariedade e serviço. “Lavar os pés é colocar-se junto com o outro, em pé de igualdade”, explica.

4. Coragem, perseverança e resiliência
“Olhar a morte de Jesus é difícil para qualquer pessoa. Contudo é importante conversar sobre a morte, sobre as dificuldades que se enfrenta nos caminhos da vida”, diz Andreia. Por isso, ela sugere apresentar às crianças essa parte da vida de Jesus. Isso ajudará os pequenos a perceberem que “a vida humana é frágil, vulnerável e que é necessário cuidar-se, respeitar o outro e principalmente, ter perseverança e coragem nos momentos difíceis”.

Para ajudar na reflexão do tema, confeccione junto com as crianças pequenas cruzes de material reciclado e explique o significado da cruz antes e depois do cristianismo. Jesus transformou a morte em vida, a tristeza em alegria. É uma boa oportunidade para os pais explicarem que também “é necessário ‘matar’ dentro de nós algumas coisas que nos impedem de viver melhor a nossa vida, como por exemplo, os preconceitos e a falta de sonhos, deixando que isso tudo renasça em nós”, sugere a professora. “Assim não seremos mais indiferentes aos acontecimentos difíceis da vida, aprenderemos a transformá-los em esperança”.

5. Abertura a uma vida nova
Para Frei Mannes, com sua ressurreição, Jesus nos mostrou que a morte não é o fim de tudo. “Ou seja, quem vive e morre com Jesus Cristo na cruz, com Ele também ressuscita para uma nova vida. Nesse sentido, a Páscoa é para nós um momento de inspiração”, afirma.

Então, ajude a criança a refletir sobre o valor e a importância da vida. Apresente a ressurreição como algo totalmente novo e que nos traz uma vida nova, sugere Andreia. Faça a criança perceber a diferença entre o clima da sexta-feira, de silêncio e interiorização, e o clima do domingo, de ressureição e festa. Os costumes pascais podem ajudar muito com isso: o momento de partilha da ceia no sábado à noite e a alegria ao encontrar os ovos de chocolate no domingo pela manhã. Para isso, é importante que os pais evitem discussões, nervosismo e não deixem que a correria dos preparativos ofusquem a alegria da festa.

Apresentar essa mudança de clima faz com que a criança perceba a diferença entre a vida velha, da sexta, e a vida nova, no domingo. A morte simboliza a dificuldade que, muitas vezes, temos em aceitar essa mudança. Então, cria-se o terreno perfeito para uma conversa sobre como é importante sermos abertos às boas mudanças que a vida nos apresenta. “A Páscoa é o salto para a novidade, para a beleza, para a transcendência”, afirma a professora. Também é o momento perfeito para ensinar que nem toda a mudança é bem-vinda, mas aquelas que nos tornam pessoas melhores são excelentes e devem ser buscadas e bem aceitas.

Para baixar
Preparamos um conteúdo especial que você pode baixar para presentear sua família, ensinar as crianças sobre os valores desta data tão significativa e até mesmo enfeitar a mesa no almoço de domingo de Páscoa. Clique e faça o download:

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