domingo, 13 de setembro de 2020

A mãe do Brasil é indígena. Maria Bethânia em defesa da " maternidade ...





“Sabe aquela história de que “sua bisavó foi pega no laço ?” Isso quer dizer que talvez seu bisavô tenha sido um sequestrador, então acho que você deveria ter mais orgulho do sangue indígena que corre em suas veias. A mãe do Brasil é indígena.”
Por Mirian Krexu no Facebook, página José Carlos Sigmaringa
A mãe do Brasil é indígena, ainda que o país tenha mais orgulho de seu pai europeu que o trata como um filho bastardo. Sua raiz vem daqui, do povo ancestral que veste uma história, que escreve na pele sua cultura, suas preces e suas lutas. Nunca vou entender o nacionalismo estrangeiro que muitas pessoas tem. Nós somos um país rico, diverso e guerreiro, mas um país que mata o seu povo originário e aqueles que construíram uma nação, que ainda marginaliza povos que já foram escravizados e seguem tentando se recuperar dos danos. O indígena não é aquele que você conhece dos antigos livros de história, porque não foi ele que escreveu o livro então nem sempre a sua versão é contada. Ele não está apenas na aldeia tentando sobreviver, ele está na cidade, na universidade, no mercado de trabalho, na arte, na televisão, porque o Brasil todo é terra indígena. Sabe aquela história de que “sua bisavó foi pega no laço ?” Isso quer dizer que talvez seu bisavô tenha sido um sequestrador, então acho que você deveria ter mais orgulho do sangue indígena que corre em suas veias. A mãe do Brasil é indígena.”
Texto de Mirian Krexu

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Nunca é Tarde | Andreia Serrato - Teóloga [CC]

Segundo o texto de Rebecca S. há um paradoxo da encarnação quando falamos sobre a incontinência. De um lado, a tradição cristã que concebia o corpo como carne fraca, lugar de pecado e do bem-estar moral. No caso, as mulheres mudam de transgressam inocente à imoralidade adulta intencional e aderem à legitimidade da perda de participação social como uma consequência. De outro lado, pesquisas sobre a incontinência urinária afirmam que se fosse um problema com a bexiga, iriam trata-lo de maneira diferente. Pensariam que seria uma falha, mas se você não pode controlar a bexiga, quanto controle você tem sobre o resto de sua vida? (Dawn, [o entrevistado] in: STONE, R.). Assim as mulheres associam a incontinencia à falta de controle físico e social e a voluntariedade.    

Então Suzam Bordo afirma como os corpos são lidos em nossa cultura: a magreza representa um triunfo da vontade sobre o corpo, e o corpo magro está associado a pureza absoluta, hiperintelectualidade e a transcendência da carne. Por outro lado, a gordura está associada a mácula da matéria e da carne, a libertinagem, ao estupor e decadência mental e a uma vontade fraca. 

    Se o corpo incontinente é lido como sendo realmente intencional, ou como na maioria dos casos, instável, é sempre associado a algum tipo de degradação moral ou marginalidade. Cf. STONE, Rebecca Rozelle-. Thes Reading the Incontinent Body (tradução livre). 

terça-feira, 25 de agosto de 2020

DIÁRIO DE UMA MÃE NA PANDEMIA

SOMENTE AGORA, EM AGOSTO CONCRETIZO ALGO QUE QUERIA MUITO FAZER, ESCREVER MEU COTIDIANO NA PANDEMIA. MINHAS EXPERIÊNCIAS COTIDIANAS... TEM MUITA HISTÓRIA AQUI, COMO TANTAS OUTRAS MULHERES, MÃES, FILHAS, PROFISSIONAIS... MUITA COISA TALVEZ TENHA FICADO PARA TRÁS... CONTUDO COMPREENDO QUE SEMPRE É TEMPO E AINDA RESTAM-ME HISTÓRIAS PARA CONTAR. 


18/09

não acordei tão cedo como gostaria, mas nem tão tarde como fazia, pois deitei um pouco mais cedinho que o normal... deu para meditar, caminhar, preparar o café e 8h30, sentar trabalhar... 9h Filipe acorda, precisa da foto para a catequese tomar café, ajuda com os origamis... quem consegue ler um texto, por favor? Telefonemas, mensagens com questões para resolver... passou a manhã...
Minha tarde está sendo de estudos, grupo de pesquisa, como isso é bom! Mas claro, mãe em tempo de pandemia não faz isso se não de maneira bem encarnada... entre uma reflexão e outra sou interpelada pelo filho... mãe quero isso, m~e preciso daquilo... seria que não dou conta de tudo... mas a qualidade e o tempo de reflexão triplicam... não estou reclamando, apenas constatando fatos... que em lugar algum acadêmico será contabilizado, pois talvez ainda nos queiram na cozinha , nos porões, nos quartos... é uma forma inclusive de legitimar o lugar que eles acreditam ser o nosso... 


17/09/2020

Diário de um mãe na pandemia é assim mesmo... não consegui mais escrever, quase um mês e nem uma linha consegui, contudo hoje estou aqui novamente.
Vou relatar dois dias... ontem, quarta-feira e hoje quinta-feira. 
Ontem meu dia foi bem cheio, é o dia que mais trabalho. Dei 6 aulas pela manhã, reunião ás 14h e 16h30... e mais aulas a noite.
Acordei, tomei café, 8h estava iniciando minha aula. No intervalo, acordar o Filipe para a aula dele. já tinha deixado o café dele pronto. Volto as minhas aulas até as 12h40 não sem interrupções do Filipe dusrante minhas aulas. Terminada minhas aulas, entre uma ligação e outra vou preparando o almoço e conversando ao telefone, na verdade, somente esquentar. almoçamos, já está na hora de iniciar o trabalho e as aulas de Filipe, ele tem prova. Lavei a louça e logo estávamos nós na mesa. Começo  a minha reunião e Filipe a sua prova. Eu fazendo ata e vem Filipe que precisava de ajuda... eu nao poderia me desconcentrar e filipe insistindo que nao conseguirá, que nao sabe, que eu nunca posso ajuda-lo... que tenso... Fecho-me no meu trabalho e digo que ele tem que se virar... que mãe desinteressada... é o que posso nesse momento. Minha pergunta: como ele entenderá isso? a mãe nao o ajuda... ou ele aprenderá a ter autonomia... não tenho  mínima ideia... seguiu  o dia, em 30 min terminou  a prova e nem sequer lembrou mais disso...
As 18h, teminou as reunioes, tinha um monte de coisa para fazer ainda, larguei tudo e fomos andar de bicicleta... voltamos, ele fez um bolo de chocolate delicioso e ainda lavou louça, tud bem que tive que prometer que ele teria ais 2h para jogar... no final da louça disse que tinha gostado e que ele lavará a louça um dia sim e outro não... 
comemos, lá fui eu trabalhar mais um pouco. Quando terminei ainda fui ler com ele Sócrates: 'só sei que nada sei' - filosofia para crianças. eledormiu e eu voltei trabalhar até a 1h...
quinta-feira acordei ás 8h, cm uma super crise de enxaqueca... hoje estava muito desanimada... pela manhã nao consegui fazer nada... tentei ms só sofri. Almoçamos e l´fomos nós andar de bicicleta novamente... precisava sair. Voltamos 2h30 no telefone com os professores e filipe nervoso pq queria o meu celular... eu tentado trabalhar na mesa, FIlipe cantando, batendo as coisas... eu irritadissima... mas tudo a mesmaa coisa, hoje fiz macarrão, lavei a louça, e vim trabalhar... reuniões, mais reuniões, trabalhos, entre um e outra coisa, Filipe pedindo agua, bolacha, seus livros... enfim... hoje até que achei ele mais autonomo.. dizia que nao iria fazer, ue ele deveria e até que foi... ah, entre uma e outra coisa, escutando as 50 mil llivesssssssssssssssss.... nao aguento mais, mas parece que se nao escuto estou para trás... e, claro, pedido mais tempo para entregar um capítulo de um livro que estou atrasada...  


28/08/2020

Hoje, acordei as 8h30, mas fui dormir as 5h. Deu tempo de tomar café e me ajeitar, mas já está ja hora da aula do Filipe... ajuda lo a preparar o altar e escuta lo a cantar Tomai Senhor, lindo demais. Recebo uma ligacao. Depois de 1h volto para o computador. E ja sou interrompida pq a professora dw Ingles nao encontrou a ativibidade que enviamos... tá ele sai e eu fico postando a atividade ...  não consegui terminar e recebo outro ligação. Eu só quero terminar meu artigo... mais um tempinho no tel para dar assistência ao professor, volto para terminar a postagem do Filipe. Chega o correio ...Bem, já é hora do almoço. Não terminei meu artigo, não li o texto para o grupo de pesquisa da tarde.   Almoçamos, na mãe, hoje. Em casa, escovo os dentes, chega o ale e o vitor.  Brincam um pouco, vou para o computador... agora vou tentar... hora de levat o vitor para casa... vou olha lo, nao tem ngm em casa para abrir o portao... esperamos la fora. Volto para dentro hora da aula DO Filipe e do grupo de pesquisa. Não li o texto direito... Filipe senta e reclama que eu não levo água, não levo chá... só fico fazendo minhas coisas... passo a tarde das 1h as 19h na frente de PC. Sem grandes conventracoes pq preciso cuidar do Filipe... para que  assista aulas. 
Terminando o grupo voubpreprando 

27/08
Estou no meio de um ARTIGO, PRECISO FINALIZA-LO COM URGÊNCIA, mas não posso deixar de relatar minha conversa com Filipe, as 10:50 da manhã. Olha que coisa mais fofa e profunda... estou aqui pedindo para ele parar de cantar... preciso me concentrar, pois está no escritório comigo. Se o tiro daqui, ele não faz aula, se o deixo quem não faz sou eu... DIFÍCIL... mães em tempos de pandemia... 
Contudo olha a riqueza da conversa:
-Mamãe eu não paro de pensar no sentido da vida, mas não sei... Você pensa nisso ou já pensou alguma vez?
-Claro, já pensei e penso sempre. Porque vc acha que a mamãe deixou de ser designer de interiores e se tornou professora de Teologia. Eu amava meus projetos, mas encontrei um maior sentido em ser professora. 
-Nossa eu penso sempre, só que quando eu penso eu fico triste
-Sério, mas por que vc fica triste, o que vc pensa?
-Então, sabe quando estou assistindo os youtubers? Eu vejo aquilo, acho super legal... mas penso: que sentido tem isso? eles nem sabem que eu existo, quem eu sou, que eu os assisto. E por quê assisto???
-Mas vc gosta? 
- Sim eu gosto, mas não vejo muito sentido.
-Sabe Filipem tem uma coisa que ajuda muito a mamãe e o papai, algo que Santo Inácio nos ensinou, ele mesmo experimentou. Pensar na alegria que você sente com certas coisas e se ela perdura ou não. Quando vc pensa nos youtubers vc se sente alegra e essa alegria fica ou passa?
-Passa. 
-NO que vc pensa que percebe que a alegria dura?
-Quando nós três assistimos filmes na netflix... isso eu penso sempre e continuo alegre.
-Sério? que legal, precisamos fazer mais. O que mais?
-Sabe o que eu queria saber qual a cor da espada escalibur dos magos de Arcádia, na verdade a roupa para quem pegar a espada, que cor vc acha que será?
-Acho que será roxa ou azul.
-Roxa já é a da Clara, não será.
-Verdade...
-Mamãe, sabe outra coisa que eu penso: nossa vida passa muito rápido. Quando vc viu já passou 10 anos dela...
-É verdade, quanto mais velho vc fica mais rápido ela passa... muito rápido mesmo.
-Tenho a sensação de que não faço nada da minha vida. Mais ainda bem que sou bem novo...
-Isso mesmo, vc tem muito pela frente...
-Estou terminando meu texto aqui, mamãe...

E assim encerrou o conversa. E eu posso com isso? Que conversa mais deliciosa... 
Tudo bem que aí me desconcentrei totalmente... mas o que é um artigo quando se tem uma conversa dessas com uma criança de 9 anos!!!


26/08

O dia não foi fácil, iniciei com aulas as 8h, Paulinho veio para ficar com o Filipe - eles brigaram.
A tarde foi difícil...
No final do dia...
Apareceu na minha aula, contou que caiu um dente e ainda quis mostrar o dente que caiu... kkk


25/08

Hoje não foi diferente, dormir às 2h da manhã tentando terminar um artigo... resultado, acordar as 8h, cansada... E a mesta luta com o Filipe a partir das 9h15 da manhã... mãe faz isso, mãe traz aquilo... precisa de materiais para a aula... quero que vc olhe minha experiência... daí é tão bonitinho... lá vou eu... e me perco nos pedidos dele... hoje nao pode assistir youtube, nem jogar... um rápido descuido e está na frente da TV... Quando iniciou a aula de tarefa resolver que deveria assistir aulas na TV... conectou o computador a TV e, no meio da minha, aula... eu e meus alunos concentrados, cochichava em meu ouvido para eu fosse ver sua nova maneira de assistir aulas... além do som que chagava até o escritório... bem, mamãe faz pipoca como o prometido ontem... intervalinho e vamos comer pipoca... Perguntei porque já não estava mais na aula, pois entrou e logo saiu... disse que terminou a processual e que seus amigos iriam demorar... e aí? faz o quê??? Bem, passou o dia, terminou as aulas, não ficou no tira dúvidas. foi para a TV novamente. Por volta das 19h o papai chegou... não sei o que aconteceu porque eu tinha aulas de francês. Ah! desde às 17h estava jogando, deveria jogar até as 18h45 porque negociamos a alface no almoço em troca de 3 min no cel... só que eu saí às 7h45 da aula e ele continuava jogando no cel... voltei para aula, sou depois, que ele fez duas atividades... duas processuais. TErminou minha aula, estava na cama, mais acordado que pela manhã... queria ouvir a música Bom dia, que eu havia o acordado pela manhã.... E, agora, 00h, estou aqui ainda trabalhando.. acredito que mais umas 2h... 
Sinto-me bastante cansada... de algumas pessoas, ou de algumas atitudes, da minha não produção, da minha dificuldade em ter foco... de mim mesmo, talvez... das liveeeeeeeeeeeeeeessssssssssssssss intermináveis que acontecem e nos são oferecidas... e aquela angustia que nunca dá para assistir todas aquelas que gostaria... 
Acho que deu por hoje... E ACREDITO QUE SEJA ASSIM:
"Um dia penso no futuro
No outro eu deixo prá lá
Um dia eu acho a saída
No outro eu fico no ar"



24/08/2020

Segunda-feira... consegui fazer minha meditação logo cedo, ate´que não foi um dia tão ruim... 
Logo no café da manhã com Paulinho, preocupado, eu conversando e ele não respondendo... percebi que já estava na empresa... 
Perto das 9h15 fui acordar o Lipe e coloquei a música que recebi das duas mulheres cantando "bom "dia de Zizi POssi. Deixo a letra abaixo. Ele cantou o dia todo, foi uma delícia. Acordou me pedindo quantos artigos tínhamos que entregar??? 
Acordou bem, comeu sozinho, claro, eu cobrando que ele deveria fazer... Ficou sentando esperando uns minutinho para que eu servisse o café...Ainda disse que era minha obrigação porque ele era criança... Não fui e as 10h estava pronto fazendo as atividades de Inglês, foi muito bem. Via ele interagindo e participando da aula. Terminou a aula, TV. Almoçamos na casa da mãe, ainda brincou um pouco com o primo. A tarde começou atrasado para a aula, tinha processual, iniciou animado, contudo em poucos minutos terminou os exercícios e, segundo ele, os amigos são muito demorados... eu estava em reunião no escritório, o atrapalhou minha fala, saiu. Quando acabou minha reunião ele começou, gritando da sala: " maãaaae, o que é substantivo? Maaaaaaaaaaaaãe o que é verbo?" Ai, ai, ai... respondi: 'pergunta para sua prof... vc não está em sala?'.. -"não posso, custa responder...vc nunca me ajuda mesmo..." ISso que eles estava na sala, eu no escritório tentando escrever uma carta de convite para duas professores para a participação em um Simpósio que estamos organizando... ele continuou, ignorei... e até esqueci... qdo vi, já estava na hora dele retornar... no segundo momento da tarde... foi mais difícil... saiu da aula e o primo já estava aqui para brincar... Filipe já foi negociando, na verdade, comunicando que estav trocando o dia de jogar, na quarta-feira para hoje... claro que depois iria dar um jeito de negociar... daí mais uma interrupção e reforçar que segunda e terça-feira não é dia de jogar... Com a vinda do primo é um abre portão, fecha portão... levanta para ver isso, levanta para atender o correio... enfim, sem contar a rotina da hora do almoço, louça na lavadora, louça para guardar... roupa para dobrar... 
Ao menos, lees brincam um pouco juntos, isso é bom. 
Enfim, chegou a noite, ainda consegui fazer 20 min de exercícios, fazer arroz, jantar... tomamos banho juntos, ele adora... mas nem mesmo o banho dá um tempinho para mim. Quase 22h vim trabalhar, agora são 2h da manhã e estou aqui escrevendo... Consegui dar uma boa adiantada no artigo, mas não terminei... COmo acordar cedo amanhã para terminar? E ainda tenho até sexta-feira para terminar o outro... 
BOM DIA!

Um dia quero mudar tudo
No outro eu morro de rir
Um dia tô cheia de vida
No outro não sei onde ir
Um dia escapo por pouco
No outro não sei se vou me livrar
Um dia esqueço de tudo
No outro não posso deixar de lembrar
Um dia você me maltrata
No outro me faz muito bem
Um dia eu digo a verdade
No outro não engano ninguém
Um dia parece que tudo
Tem tudo prá ser o que eu sempre sonhei
No outro dá tudo errado
E acabo perdendo o que já ganhei
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã, bom dia
Um dia eu sou diferente
No outro sou bem comportada
Um dia eu durmo até tarde
No outro eu acordo cansada
Um dia te beijo gostoso
No outro nem vem que eu quero respirar
Um dia quero mudar tudo no mundo
No outro eu vou devagar
Um dia penso no futuro
No outro eu deixo prá lá
Um dia eu acho a saída
No outro eu fico no ar
Um dia na vida da gente
Um dia sem nada de mais
Só sei que eu acordo e gosto da vida
Os dias não são nunca iguais!
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã, bom dia
Um dia penso no futuro
No outro eu deixo prá lá
Um dia eu acho a saída
No outro eu fico no ar
Um dia na vida da gente
Um dia sem nada de mais
Só sei que eu acordo e gosto da vida
Os dias não são nunca iguais!
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã, bom dia
Logo de manhã...



22 e 23/08

Porque hoje é sábado...
As 8h30 já estava em aula, remota, mas em aula. Dos 12 estudantes, 10 estavam lá. Quase todos apresentaram suas atividades de estágio, ouvimos o PUC carreiras, orientação de TCC... 12h30 ainda estava eu com estudantes, terminou a aula, resolvi algumas coisas e já era 13h30, hora para almoçar. Filipe ficou na TV e jogando, Paulinho saiu trabalhar e voltou para o almoço que preparou. Durante a tarde Filipe continuou jogando relaxamos um pouco na TV, assistimos filmes juntos, fizemos panquecas, relaxamos um pouco...

Hoje é domingo pé de cachimbo..
Dia de acordar mais tarde, embora eu sempre queira acordar mais cedo... mas nunca consiga. Conversar com as amigas, Filipe reclamando porque não queria preparar o café, não queria ficar conosco. E não sentou tomar café... ligou a TV e lá ficou... Tentamos fazer com que ele se interessasse e viesse até nós, nao adiantou... Em um momento ouvimos um tucano, ele saiu e viu... ficou muito alegre. O dia correu normal, como todo domingo... final do dia conferir tarefas, fazer processual. Pedi ajuda ao Paulinho nessa semana para que dê um pouco mais de atenção porque gostaria de terminar dois artigos pendentes. Ouvi que não compreendo que está cheio de trabalho e a situação está difícil. Eu compreendo, só que eu também estou e aí?? Se comprometeu e dar uma assistência maior, vamos ver...  

21/08/2020

A sexta-feira muitas vezes tem um ar de já estar relaxando, bem... aqui não é muito assim... estava muito frio, tinha deitado tarde, me dei o 'luxo' de acordar as 8h40... fiz minha meditação, café... acordar o Filipe, aula às 10h... vamos lá... iniciei meu dia animada, com minha programação porque tinha entrega dos planos de TDE. Há poucos intantes que iniciei meu trabalho a professora do Filipe ligou pq ele nao entregou as atividades, na verdade, fez, mas não completa... tinha foto para enviar, outras processuais... outros... sei lá o que... resumindo a história... eu que tenho que dar conta das lições dele... ele tem aulas das 10h às 11h45, depois das 14h até às 16h30 e ainda mais atividades processuais para fazer depois do horário... me pergunto se não é muita atividade para uma criança de 9 anos. Poderiam ao menos nos passar atividades lúdicas para fazermos juntos... outra coisa que percebo como o ensino está longe de se adaptar a novos modelos, as novas necessidades humanas. Depois de um bom tempo com a professora no tel... lá foi minha programação porque eu deveria fazer com que ele entregasse a atividade... pensei? devo fazer isso? como apontar par ao Filipe que ele precisa ter autonomia, conversar com a escola? Ele tem que enviar o processo da soma que realizou na conta de matemática, mas a lógica dele é outra, já avisamos na escola.. mas precisa caber na caixinha... nem pais e nem escola sabemos o que fazer... 
BEm decidi sair e resolver o que eu tinha para resolver e retornar às 14h para minha reunião, seguida de outra reunião... entre elas postar meus planos de TDE, fazer com que o Filipe fizesse suas processuais, colocar a louça na lavadora, tirar a mesa do café, tirar a roupa da máquina, deixar o Filipe na casa da minha mãe porque eu ainda tinha uma cirurgia de um dente para fazer e não queria deixar nada para depois, não sabia como voltaria. Enfim, na correria, terminei, deixei o Filipe na vó e cheguei com 10 min de atraso no dentista... ufa... eu, fazendo cirurgia, arrancando um dente e quase dormindo na cadeira de tão cansada... 
VOlto para a casa... a saga dois, Filipe terminar os exercícios, descobrir como postar... E a briga... não queria fazer, não queria que ajudasse e queria saber porque tinha que fazer tudo isso... fomos para a sala de TV, o deixamos sozinho na sala... enfim... conseguiu, prometendo que depois jogaria um pouco no cel... lá foi o dia da família... mas ainda conseguimos assistir dois capítulos de nosso seriado, eu e Paulinho. Vamos dormir??? simmm muito frio... deitamos os 3 em nossa cama. Acendemos a luz de fora, e ficamos esperando se a neve chegaria... chegou? não sabemos dormimos antes, os três, para nos aquecermos no frio que se instalava... isso era por volta das 00:00. No sábado, as 8h, teria aula... e assim, mais um dia se foi... 



20/08/2020

O dia de hoje foi típico... como estava muito cansada, fui dormir as 2h da manhã, acordei um pouco mais tarde. Daí já bagunçou todo o meu dia. Acordei com o Filipe me beijando na minha cama, uma delicia. Fomos.tomar.café, ja era hora de incio da aula dele... iniciei meu trabalhos no computador... depois de limpar a mesa do café, como.todos os dias. Os dois no escritório pq se não for assim dificilmente ele ficará na aula. Eu, tentando escrever um e mail de 3 min. Quase impossível pelas vezes que fui solicitada pelo Filipe... bem, hora do almoço, passou muito rápido. Almoçamos, colocar a louca na lavadora, estender algumas roupas que ainda estavam na maquina, recolher outras e colocar mais algumas... limpar a mesa do almoço... todos os dias a mesma coisa... qdo penso em descansar.... hora de voltar, muitas coisas para fazer... resolvi, antes de retomar meu trabalho fazer 30 min de Yoga e tomar um banho, precisa lavar meu cabelo, pois ainda nao deu tempo essa semana e precisava de meu tempo no banho sozinha , também. 1o. Durante a yoga fui solicitada pelo Filipe e acusada de mãe que nao se preocupa como filho pq ele estava tossindo muito e eu nem levantei, so pedi se estava tudo bem... dramático... vou tomar meu banho acabou o gás, mal deu tempo de terminar de lavar o cabelo...😡
Volto ao trabalho, antes disso, recebo uma ligação da escola avisando que o Filipe não fez as atividades processuais... Lá fui eu perguntar pq... ele com cara de quem nem.sabia... disse eu faço depois... contudo acho um verdadeiro massacre... ele passa das 10h as 11h45, das 14h as 16h na frente do computador... e ainda tem que fazer atividades... demais para todos. 
Ufa hoje foi dia de terapia...
Depois da terapia hora de verificar com ele as atividades. 
Quase perto das 20h o pai chega em casa... prepara uma carne para o jantar... o minimo para fazer... jantamos e ainda tem tarefa para a aula da catequese... a preocupação dele é que nao sabe rezar... mas rezar o pai nosso como todos... dai explicamos para ele que rezar vai além de repetir uma  oração . Depois disso, unas 22h eu voltei trabalhar pois durante o dia não consegui terminar o que deveria... agora 2h da manhã ainda estou aqui... 



19/08/2020


O dia de hoje, para mim, iniciou ás 8h na frente do computador. O combinado foi que o Paulinho ficaria em casa para dar atenção ao Filipe, pois eu paro com as aulas somente as 12h40. Ele ainda nao tem autonomia para iniciar sozinho, pois nao fica nas aulas... O combinado é também que as 10h o Filipe vem par ao computador fazer a lição... Resumo: Paulinho foi trbaalhar, eu acordei o Filipe as 9h30. Ele foi para a TV, foi as 9h40 eu já estava em aula novamente. Ás 11h40 o Paulinho chegou, a aula do FIlipe iniciava as 11h45, entrou atrasado, claro. Sem paciência o Filipe veio algumas vezes no escritório pq estava brigando com o pai... Ás 13h paulinho já havia saído... às 14h iniciou a aula do Filipe novamente, ele nao parou na aula... em 15 min realizou o exercício proposto e estava inconformado que alguns colega, depois de 30 min, ainda nao tinham passado da questão 6... eu em reunião e atenta a participação dele nas aulas... terminou a aula, eu em reunião... ele foi para a TV e jogar... Paulunho chegou as 18h30, preparou o jantar, as 20h tinha reuniao, Filipe ficou jogando... eu tinha aulas... Filipe foi dormir por volta das 10h... 

17/08/2020

Um dia até que tranquilo por aqui, ao menos parecia. Acordo pelas 8h, até toma café e começar meu trabalho FIlipe acorda. Preparo o café, lembro o das coisas que precisa fazer... já está na hora da minha aula... aula dele... almoço... lembra-lo de arrumar a cama, trocar de roupa. A tarde até que foi tranquila. Até o momento que ao o deixei jogar... fizemos alguns combinados que se cumprir ganhará mais um dia na semana para jogar... a terça-feira. Pois não pode jogar nem na segunda e terça-feira. Mas claro, como sempre, estou em reunião, fazendo ata, ele vem me pedir as coisas... me desconcentra... me perco um pouco no que estamos decidindo... Chega a noite o combinado é que ele precisa assistir a aula de Ingles que perdeu e fazer a processual... dai começam os problemas... ele nao quer, briga com o pai... chora, faz birra... até que depois de algum tempo conseguimos traze-lo para a mesa.  Vamos assistir para depois estudar... mais briga para estudar... aí fico me perguntando... ele passa das 10h as 11h45, das 13h30 até as 16h30 na frente do computador e ainda temos que fazer tarefa com ele... nao dá... depois disso tudo ainda jogamos futebol, rimos, brincamos, fizemos caça palavras e, espero, agora, quase 00:00 que ele esteja dormindo!!!

16/08/2020



Essa frase de Ivone Gebara muito diz do que sinto:

"Porém, já faz algum tempo que me descobri abelha, leoa, felina feminista, anti-racista, anticlerical e lamentei muitas coisas boas das quais não provei. Descobri também que sou mandacaru cheio de espinhos e frutos em terra seca. E, me acolhi desobediente!"

Artigo completo: http://www.ihu.unisinos.br/602043

SOBRE ESTUPRADORES E ESTUPRADAS - IVONE GEBARA

A condição humana sobretudo dos mais vulneráveis nos faz chorar. Ontem prenderam o estuprador da menina de 10 anos. A televisão o mostrou de costas. Parecia um tipo magro, mal vestido, um traficante, ex-prisioneiro que poderia ser confundido com os inúmeros mendigos que rondam noite e dia por nossas cidades e que provavelmente estupraram jovens ou até suas próprias filhas. Entretanto, de sua condição miserável quase não se fala e nem nos lembramos de conhecer algo de suas vidas quando nos cercam pedindo dinheiro. Dos estupradores ricos nem nos lembramos porque seu dinheiro encobre seus crimes. Não faço a defesa dos estupradores e nem dos drogados, mas chamo a atenção para o fato político e social que alguém provocou em torno da menina para levantar em plena pandemia a questão do aborto como uma questão política e religiosa. E os incautos e ingênuos defensores da vida assim como os perversos políticos extremistas entram e alimentam o jogo político montado e armam uma nova polêmica em torno do aborto. Será que é esse o problema ou ele é apenas a aparência de muitos outros que escondemos e não aceitamos encarar como parte dos jogos sórdidos de poder e de nossa condição humana? Não vou desvendar esse enigma, mas apenas levantar suspeitas e mostrar armadilhas nas quais caímos quando não paramos para refletir com atenção.

No desejo de respeitar posições diferentes das minhas me dou conta que a cultura do respeito à certas autoridades soa cada vez mais falsa em mim e em muita gente. No fundo não sei mais quem é a autoridade à qual devemos obedecer e em que se funda esta autoridade. Nos sustentamos numa espécie de terreno movediço que torna nossas análises do poder e da autoridade instáveis e nosso julgamento cambaleante.

Constato que mesmo se queremos a paz estamos em guerra. Mesmo se não queremos divisões há separações inevitáveis, cismas, dissenções ontem e hoje. A harmonia e a unidade são apenas uma aparência.

De fato, há na terra ovelhas, cabritos, rinocerontes, leões, raposas, abelhas e zangões e um não pode deixar de ser o que é por respeito ao outro, mas muitas vezes destrói o outro para ser. Somos diferentes, vivos e destruidores da vida no mesmo planeta! É na diferença que vivemos e convivemos.

Do reino dessa diferença vital, lembro a mim mesma que sou mulher, brasileira, filha de emigrantes, ‘pertenço’ à Igreja Católica, dela recebi os mais sublimes ensinamentos para almejar as coisas celestes, para dedicar-me aos pobres e marginalizados, para negar as nefastas paixões do corpo, para confessar os meus pecados, expiar as minhas culpas e oferecer-me pura a Deus no seguimento de Jesus ‘manso e humilde de coração’ como rezava uma velha oração católica. Educaram-me e eduquei-me obediente a muitas autoridades. Educaram-me e eduquei-me no privilégio do saber.

Porém, já faz algum tempo que me descobri abelha, leoa, felina feminista, anti-racista, anticlerical e lamentei muitas coisas boas das quais não provei. Descobri também que sou mandacaru cheio de espinhos e frutos em terra seca. E, me acolhi desobediente!

Minha idade já não me permite o antigo respeito formal às autoridades civis, militares e eclesiásticas. Não posso calar diante de tantos fatos que me apavoram e por isso denuncio uma velha pandemia viral entre os humanos muito presente em nosso tempo, especialmente entre religiosos.

Em plena crise pandêmica da Covid-19 onde diferentes tipos de manipulação política não faltam, enfrentamo-nos a uma outra perniciosa e mortal que se expressa em ‘amar mais ideias e princípios do que a frágil vida que temos’, ‘amar mais as leis religiosas caducas do que as dores reais que assolam meninas e mulheres’, ‘amar e defender mais interpretações sacrificiais da Bíblia do que a vida real e provisória’, ‘amar mais as vidas futuras do que as presentes’ e com isso condenar vítimas de estupros e acusar meninasjovens e mulheres estupradas de infanticídio.

Estamos em uma pandemia cultural necrófila se infiltrando na política e na religião e nos contagiando de maneira muitas vezes imperceptível! Refiro-me sem dúvida aos estupros vividos desde os 6 anos de idade pela menina de São Mateus no Espírito Santo e sobre a interrupção de sua gravidez realizada no domingo passado em Recife. As reações ao fato foram muitas, porém quero comentar uma que me toca de muito perto. Se trata da reação de religiosos católicos e entre eles bispos e até o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) condenando a interrupção da gravidez e classificando-a de crime hediondo. Que dizer diante desse fato recorrente tantas vezes?

Uma forma de religião necrófila se propaga e cresce como cúmplice de uma cultura defensora da ‘vida de fachada’, de uma vida que se torna cada dia mais banalizada, mortífera, ameaçadora e irracional. Esta pandemia nos atinge a todos apesar de que alguns têm um pouco mais de anticorpos que outros para se defenderem.

Bispos denunciando crimes em nome de Deus e ao mesmo tempo carregando a balança de seu julgamento e condenação sobre uma criança pobre engravidada! Sim reafirmo a palavra pobre, porque só os pobres são tornados objeto de litígio, só os pobres podem ser usados e abusados pelos poderes políticos, religiosos e pela imprensa de má fé. Nenhum estupro e nenhum aborto feitos pela classe dominante são tornados objetos de discussão pública!

Condenam o aborto sem pensar na violência que provocam e na reincidência lamentável da polarização de seus comportamentos públicos. Dizem condenar o pecado e não o pecador. Mas como pode existir o pecado sem pecador? Malabarismos mentais que se sucedem sem reflexão só causando confusão e descrédito.

Levantam suas vozes para defender abstrações e não se debruçam de fato sobre as caídas na estrada, não ouvem suas dores, seus gritos e nem seu choro convulsivo e amedrontado em casa e num hospital longe de casa.

Não senhores, vocês e seus pares não estão defendendo nenhum Evangelho, mas leis anacrônicas saídas de velhas mentes dogmáticas do passado que ainda acreditam que os discursos divinos são imutáveis, as leis da igreja perenes e seu sacerdócio proveniente da autoridade do lendário e eterno Melquisedec.

Não senhores, vocês não podem falar em nome da comunidade cristã. Vocês não a representam na sua inteireza. Seu báculo e sua mitra não lhes dão o direito de passar pelas dores das meninas que tiveram suas vidas usadas não só por esse asqueroso estuprador, que não sabemos o nome, nem quem é, nem o que faz. Para além de sua irresponsabilidade real, ele é apenas mais um objeto da mídia, da polícia, dos políticos para despejar sobre ele sua própria violência! E a menina vítima, outro objeto exposto, cuja vida é mostrada ao público e cujas marcas poderão ser perenizadas nos arquivos da internet e em sua própria frágil vida! Usou-se de forma criminosa da vida dessa criança duplamente estuprada: pelo estuprador e pelos/as extremistas estupradores, criminosos que expõem a vida de uma criança em público e usam-na e abusam-na de forma vergonhosa. A cumplicidade no segundo estupro precisa ser denunciada.

Não, os senhores religiosos não representam a defesa das vidas reais pois entraram nos jogos políticos do momento. Os senhores não defendem as mulheres que foram estupradas também por clérigos irresponsáveis e nem as mães que tiveram seus filhos estuprados pelos pedófilos das igrejas, pelos atormentados doentes sexuais que se escondem nos seus muros santos, nas suas instituições e com os quais as severidades clericais são sempre mais condescendentes.

Não, os senhores não enfrentam a necessidade de rever a compreensão da sexualidade humana, da teologia moral, da teologia sistemática anacrônica que pregam antes de impor suas regras de santidade ancoradas em imaginárias vontades divinas.

Mesmo se falarem do estupro como crime, os senhores e grande parte da sociedade são mais condescendente com eles, os estupradores. São crimes de macho! E os senhores até se esquecem de condená-los como aconteceram muitas vezes ao longo da História nacional e internacional. Podem até num instante de raiva querer a morte do estuprador, sua prisão perpétua ou até a forca pública inexistente no momento. Porém pergunto: que processos reais educativos pessoais e sociais têm feito para que esses crimes diminuam, que conteúdos para além dos doces conselhos ou das inflamadas iras emocionais momentâneas que transmitem nas suas igrejas, nas suas teologias, nos seus catecismos? Faz tempo que vocês, salvo raras exceções, só ouvem o que querem, só falam o que está escrito, só repetem o que já não nos serve mais, só se glorificam em seu poder imaginário embora, infelizmente efetivo sobre muitas pessoas.

O fogo purificador e destruidor já está sobre a terra! As separações nos invadem! A divisão do rebanho cresce em gênero, número e grau. E vocês senhores príncipes de suas igrejas são também soldados mantenedores dessa guerra!

Chegou a hora de enfrentarem-se a posições políticas e religiosas reais. Não apenas criticar os outros e mostrar-se defensores da justiça, mas começar a apontar o dedo indicador para vocês mesmos sempre capazes de atirar pedras nas outras/os, mas não movem uma só palha para modificar os conteúdos de suas pregações e ações. São capazes de atirar pedras na prostituta ou na criança estuprada, de responsabilizá-la por ações abortivas em desacordo com a santidade etérea pregada pelos senhores, mas são incapazes de reconhecer a profundidade de sua dor, os rasgos em seu corpo, as marcas indeléveis em suas emoções, a condição precária de sua vida.

Não dá para lavar as mãos como Pilatos, elas continuam sujas de sangue. Não dá para se lamentarem, pois seus lamentos não tocam mais os corações feridos.

Basta de discurso! Tomem a atitude de reconhecimento das dores da menina e das mulheres. Abram-se para outra teologia, outro julgamento ético, outro cristianismo para além desse doentio discurso promotor dos sacrifícios alheios e excitador de almas fundamentalistas, de fazedores de guerra santa batizando-a de respeito à vida.

Os senhores criticam os governos fascistas e seus fundamentalismos, mas agem quase da mesma maneira impondo suas velhas e imaginárias afirmações ditas divinas, aliando-se aos fundamentalismos religiosos os mais retrógrados do mundo. É triste ver como traem a vida em nome de teorias anacrônicas! É triste ver como se mostram intransigentes frente a algumas reais dores humanas femininas!

Perdoem-me, mas de nada valem seus discursos penalizados ou libertários quando desconhecem as feridas reais dos corpos femininos. Desconhecem o que a teóloga Nancy Cardoso [1] chamou em recente artigo de ‘cartografias dos corpos femininos’, não são atentos às análises da vida das classes despossuídas cujo acesso a uma educação de qualidade, uma educação sexual e planejamento familiar é quase inexistente.

Falam da incondicionalidade da vida, um conceito já há muito superado pela evidência da história humana e pela evidente limitação de seus próprios argumentos. Falam ingenuamente de ‘defesa da vida em qualquer circunstância’ como se desconhecessem as contradições da história humana sempre misturada de maldades e bondades, de vida e de morte, de guerras, destruições, assassinatos embora também haja flores nascidas do esterco da crueldade. Desconhecem por acaso a história da Igreja? Suas cumplicidades assassinas? Suas disputas de poder?

Melhor é calar-se do que falar publicamente dos corpos das mulheres e acusá-las dos crimes que vocês homens cometem sobre elas. O silêncio ativo seria um caminho melhor!

Certamente, sem pensar, os senhores se aliaram à perigosa demência de Sara Winter, ativista da ultra direita, que divulgou o nome da menina estuprada e à deputada Chris Tonietto do PSL do Rio de Janeiro com sua retórica criminal pretendendo até alterar a legislação prevista no Código Penal de 1940 que permite a interrupção da gestação em caso de estupro.

Os senhores com sua defesa doutrinária acabaram diminuindo a força da ética cristã comprometida com o aqui e o agora da vida incluindo nela todas as contradições e paradoxos que cotidianamente nos invadem.

Não há pureza, não há justiça divina a ser apenas copiada. Estamos todas/os dando passos nessa busca e tentando nos ajudar. Admitir isso tira-lhes talvez o poder sobre ‘as almas’ cristãs!

Não há mais mestres. Somos apenas aprendizes da vida e já está na hora dos senhores religiosos e políticos/as ouvirem os clamores de quem sofre e estenderem sua mão, não seu julgamento, para que a vida dessas meninas seja de fato respeitada e dignamente amada.

Ouvir os clamores do povo não é dar uma resposta tirada da dogmática católica ou de uma interpretação estreita de algumas leis religiosas e políticas. Ouçam as comunidades dos bairros, as pobres mulheres expostas a mil infortúnios, as que têm experiência de vida e conhecem o valor e os atropelos da vida cotidiana. Elas não falam, não pensam e não agem como os donos de muitos poderes. Fiquem mais atentos aos clamores da vida e não a alianças espúrias que em nome de uma noção limitada de defesa da vida nos matam. [2] Afinal o que é mesmo a vida? Tentemos responder a cada dia de nossas vidas.

Senhores e senhoras: a vida da menina importa! Basta de malabarismos teóricos para justificar políticas genocidas e basta de purismo teológico doentio para propagar uma falsa justiça, dita divina.

 

Notas: 

[1] Acesse aqui.

[2] Acesse aqui.

 

domingo, 23 de agosto de 2020

 TEOLOGIA ECOFEMINISTA EM RELAÇÃO COM O SÍNODO DA AMAZÔNIA

Apresentado por Andréia Cristina Serrato


https://youtu.be/Eg8iyj4zWGU

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Mulher, mãe e protagonista

Mulher, mãe e protagonista

LIVE QUE VOU AO AR NO DIA 23/07

Interessante momento que mediei!

Refletir sobre o contexto atual no qual a mulher está inserida, destacando os desafios que enfrentam ao ser mulher, numa sociedade ainda marcada pelo machismo; ser mãe, mantendo toda sublimidade e responsabilidade desta vocação; e em ser protagonista, no sentido de que é chamada a contribuir de forma decisiva nos encaminhamentos e decisões da sociedade e da Igreja.

PÁSCOA 2024 - PUCPR "Fazei novas todas as coisas". Fui convidada para comentar a composição AVE MARIA de Vladimir Vavilov antes da...